Aos 5 anos, em 1918, meu Pai tornou-se o elemento mais jovem do Órfeão de Condeixa, fundado pelo Padre Dr. João Antunes, o Célebre Padre Boi.
Disse-me um dia que, nessa idade, já tinha pleno conhecimento do valor das notas musicais, ou não fosse ele filho de António de Oliveira, amante e cultor da música popular, que tanto cantou Condeixa.
Essa herança correu-lhe cedo nas veias e soube fazer jus ao nome de seu Pai e meu Avô.
Mais tarde, na década de 40, dirigiu com tal maestria o Orfeão, que não resisto a contar um episódio de que tive conhecimento há dias e vivido por minha Mãe...
Numa apresentação do Orfeão, foi tal a harmonia do canto, que meu Avô, sentado ao lado de minha Mãe e verdadeiramente embevecido com as qualidades artísticas de seu filho, se virou para ela e perguntou: "Não se sente orgulhosa por ser casada com este homem?"
Agora, com 90 anos, disse-me que nesse dia, conheceu a verdadeira dimensão com que o marido vivia a música...
Mais tarde, concretamente em 1956, por ocasião dos 25 anos do falecimento do Dr. João Antunes, e numa homenagem póstuma, voltou a ter a honra de dirigir um grupo de 15 "sobreviventes" do Orfeão.
Ainda mais uma nota...
Um dia, numa procissão do Senhor dos Passos, meu Pai seguia dirigindo a Banda de Música da Pocariça.
A dada altura, um dos filhos do Dr.João Antunes, abeirou-se dele e depositou-lhe nas mãos a Batuta com que o ilustre Maestro havia dirigido tantas vezes o famoso Orfeão, dizendo-lhe que aceitasse, porque só ele era o seu único e legitimo herdeiro musical.
Meu Pai guardou-a com comovida gratidão.
Nesta foto, pelos citados anos 40, meu Pai encontra-se ao centro, a dirigir o citado e famoso Orfeão.
Meu Avô, António de Oliveira é o 3º. a contar da esquerda.
Lá em cima, o 2º. da esquerda é meu primo Florêncio Branquinho.
Peço perdão a todos os que não reconheço...mas muito estimo, por terem comungado também desse amor pela Música...