13 de Outubro de 2002
Muito agradeço ao autor deste vídeo, mas não resisto a colocá-lo aqui.
Bem-haja.
13 de Outubro de 2002
Muito agradeço ao autor deste vídeo, mas não resisto a colocá-lo aqui.
Bem-haja.
Outra vertente da arte musical de meu Pai, é a sua colaboração, durante cerca de duas décadas no Choral Poliphónico de Coimbra.
Sem querer fugir à verdade, creio que pertenceu ao grupo fundador daquele expoente da cultura musical de Coimbra.
A sua realização pessoal era plena, se pudesse estar sempre ligado a qualquer projecto musical...neste caso, cantando ou executando flauta...
Não foi surpresa...
Continuando a deliciar-me, encontrei há dias este bocado de papel pardo!!!
?Quantas e quantas vezes vi meu Pai deitar mão do primeiro bocado de papel que encontrasse, traçar uma linhas de pauta, começar a cantarolar e nascia mais uma música?!...
Para ele a inspiração chegava sem aviso, nem hora marcada...
Ontem foi noite de S. João...
Por onde a tradição ainda for viva, não há quem não recorde os tempos das fogueiras a crepitar e a iluminar corações, das bichas de rabiar, das gargalhadas fáceis e das marchas populares...
Noutros tempos, e
Como irmãos inseparáveis, mais uma vez o Tio Ramiro brincou com as palavras e meu Pai com as notas musicais...
E, com NATURALIDADE, como tudo era neles, nasceu esta linda melodia, ainda hoje cantada, porque eterna na Saudade...
Quando penso na descendência de meus Avós paternos - Conceição e António de Oliveira - apetece-me chamar-lhes "Ínclita Geração"...de Condeixa!...
ou não fosse o contributo que deram à cultura popular da vila onde nasceram e que tanto amaram...
Ramiro de Oliveira, uma vida dedicada à Poesia
Saúl Vaio, "a Música é a minha paixão"
João Luís de Oliveira...largos anos a dar forma ao traço e aos pincéis...
Meu Pai, sempre envolvido com eventos populares, foi solicitado muitas vezes para colaborar com festejos de Coimbra...
Em 1970 com a Marcha de Santa Cruz...
Claro...nada difícil...
Ele escreveu a música - com toda a naturalidade...
A letra...bem...o irmão Ramiro era o seu braço direito...
Hoje, dia 13 de Junho, creio apropriado lembrá-lo e homenageá-lo aqui, publicando os seus versos...que falam de Santo António...
Grupo Os Unidinhos- Mealhada
Rancho Infantil de Montemor-o-Velho
Grupo Típico de Paleão
Estas são imagens de alguns dos muitos grupos folclóricos que meu Pai dirigiu...
Mealhada, Montemor-o-Velho, Lousã, Condeixa, Ereira, Penela, Candosa, Paleão, Maiorca, Coimbra e Cantanhede...
Quando se iniciou nessas lides, pela década de 40, creio que o fez na Mealhada, com um grupo, que à época, teria características um pouco diferentes dos conceitos etnográficos de hoje...
Mais tarde, na década de 50, recordo que, residindo em Condeixa "ía dar ensaio a Montemor"...e tal era o amor à arte que em dias de inverno e cheias dos campos do Mondego, as viagens eram verdadeiras aventuras...
Ainda sem carro...lembro-me que ía de motorizada até Alfarelos e que, por força das cheias, vinha um barquinho buscá-lo...A rota a seguir...era ir pela estrada...no tal barco...
Será que hoje se farão tais sacrifícios?...
Enfim...a descoberta do folclore, das tradições, dos usos e costumes, das danças e cantares fez com que iniciasse um trabalho de pesquisa e recolha, que deu frutos em todos os restantes grupos por onde passou...
E daí, as noites de glória que viveu em Portugal, de norte a sul e também por essa Europa fora...
P.S. Permito-me anexar este endereço, onde se faz referência detalhada e cuidada à passagem de meu Pai, por Montemor o Velho...
http://filarmonica25setembro.com/dancares.htm
Igualmente, mostro um documento que encontrei há dias, amarelecido pelo tempo e pelo esquecimento, que particularmente me emocionou e diz respeito ao grupo "Os Unidinhos"...em 1938...
13 de Maio
Hoje, especialmente, presto homenagem à Fé de meu Pai e à sua devoção por Nossa Senhora de Fátima.
Era vê-lo, partir com alegria e entusiasmo para as peregrinações à Cova da Iria, onde prestava voluntariado como Servita.
E nunca me esqueço dos cravos brancos que me trazia, do andor de Nossa Senhora...
Não faço a mínima ideia de quantas composições musicais meu Pai criou e escreveu...mas foram, concerteza, milhares!
De todos os géneros.
Hoje mostro algumas partituras que eu possuía e é este o único testemunho da sua existência.( Infelizmente arderam num incêndio que deflagrou no meu apartamento em Fevereiro passado...).
A primeira é uma Marcha para Procissão dedicada a Nossa Senhora dos Milagres, de Cernache. As outras, são Marchas Militares dedicadas aos netos.
Se se reparar, a face da partitura "Zezinho", está toda escrevinhada por cima. Vou explicar...
Nos últimos anos de vida, já com dificuldades em se deslocar à rua e em visitar a casa Olìmpio Medina, na Praça 8 de Maio em Coimbra, onde comprava cadernos de música, lançava mão de qualquer pauta em branco...tal era a necessidade de compor e escrever!...Paixão que manteve acesa até ao fim...
Não resisto a partilhar convosco esta evidência...
Meu Pai faleceu com 89 anos e meio, em Outubro de 2002.
Guardo no coração, a última imagem que me deixou, quando o visitei nesse dia: sentado e de perna traçada.
Absorto, de olhos fechados, cantarolava... enquanto marcava o compasso com a mão direita no braço do cadeirão...o pé direito, suspenso no ar, acompanhava o ritmo da melodia...
Até ao último dia...
Aqui, meu Pai vai a dirigir a Banda da Pocariça...ou Associação Musical da Pocariça...
Nasci na Pocariça onde, à data, meus Pais residiam...
Meu Pai, enquanto era Professor de Música no Colégio Infante de Sagres, de Cantanhede, dirigia igualmente a Banda da Pocariça.
Creio que foi a Banda a que esteve ligado durante mais tempo.
Durante um espaço de quase 30 anos teve apenas algumas pequenas interrupções...
Era a Banda do seu coração...
Aliás só isso justifica ter construido lá a sua primeira casa e eu própria ter criado ali as minhas raízes...
Ajudou a educar gerações de Homens que ainda hoje o recordam como um pilar das suas vidas. Passou até a "integrar" algumas famílias dos seus músicos, pois foi Padrinho de muitos casamentos...
Respeitado em toda a amplitude que esta palavra pode encerrar, foi o amigo, o pai, o mestre, o educador.
Alguém me dizia há dias que foi ele que lhes abriu os horizontes de Portugal. Com ele conheceram outras paragens, através das actuações da Banda pelo país fora e conheceram verdadeiros dias de glória e reconhecimento além da vertente cultural das viagens que ele sempre procurava partilhar.
Mas não se ficou só pela Pocariça...Lembro muitas outras Bandas de que vou referenciar apenas a localização porque não conheço a designação correcta e, por isso, peço desculpa...
Passou pela de Condeixa-a-Nova, de Montemor-o-Velho, da Lousã, de Soure, de Pombal, de Santana Ferreira e de Santa Comba Dão.
Lembro aqui a sua consagração, quando em Viseu, e pelos seus 80 anos, foi convidado a dirigir uma concentração filarmónica de algumas centenas de músicos...